segunda-feira, 28 de março de 2011

2010 – Cópia Fiel (Copie Conforme)

Sinopse: O escritor de meia-idade James Miller (William Shimell) vai à Itália para promover uma palestra e receber um prêmio pelo seu mais recente livro, Copia Conforme. Na viagem, ele conhece uma misteriosa mulher (Juliette Binoche). Juntos, eles viajam pela região da Toscana e começa a se descobrir (ou redescobrir?). O original é melhor que a cópia? Qual a diferença deste casal para outros juntos há anos?

Diretor: Abbas Kiarostami
Roteiro: Abbas Kiarostami
Gênero: Drama
Origem: França/Itália/Irã
Duração: 106 minutos

Elenco

Juliette Binoche (Elle)
William Shimell (James Miller)
Agathe Nathanson (Mulher da Praça)
Andrea Laurenzi (Guia)
Jean-Claude Carrière (Homem da Praça)
Adrian Moore (Filho)
Angelo Barbagallo (Tradutor)


Prêmios e Indicações:

Cannes: Vencedor na categoria Melhor Atriz (Juliette Binoche)

Comentário:

"A beleza retratada na simplicidade de um filme. Simplesmente uma poesia cinematográfica."

Seria o original realmente melhor que a cópia? O que é mais prestigiado a cópia ou o original? O que vale mais? Qual é mais bonito? Essas são perguntas que permanecem durante todo o filme e fazem com que pensemos se realmente aquilo que sempre consideramos como o melhor, é realmente o original ou é apenas uma cópia bem feita.

A história se passa na Itália, mais precisamente em Toscana, onde Elle (Juliette Binoche) está assistindo ao lançamento do livro Copie Conforme, do autor James Miller (William Shimell), onde ela se mostra mais interessada no autor do livro e seu conhecimento, do que no próprio livro.

Elle marca um encontro com James e eles se encontram em sua pequena loja de “cópias autênticas” de obras de arte. James mostra-se um tanto quanto indiferente ao acervo de Elle. Ela, por sua vez, leva-o para um vilarejo onde tenta convencê-lo da relevância da cópia, mostrando a ele uma pintura que era considerada por todos como a original e depois de muito tempo foi descoberto que era apenas uma cópia. Uma cópia que foi idolatrada por famílias reais durante muitos anos.

Elle e James passam todo o filme conversando, discutindo e debatendo sobre o que tem maior valor, algo original ou a cópia que, bem vista, pode ter o mesmo valor que a original. A vida poderia ser dividida em cópia e original? Poderia haver um momento onde tudo o que se acredita passasse a ser apenas uma cópia de algo que já existia? E é durante uma parada em um café que Elle chega a misturar a originalidade da vida real com a cópia da vida fictícia, e James como resposta entra na história de Elle, fazendo com que o telespectador já não consiga distinguir o que é real e o que é fictício na vida dos personagens.

É perceptível certa semelhança com os filmes Antes do Amanhecer (1995) e Antes do Pôr-do-Sol (2004), em sua maneira de dirigir e desenvolver o roteiro, existindo, praticamente, apenas dois personagens e como suas vidas tomam um curso concreto e semelhante.

O jogo de palavras, as poesias citadas em forma de conversas cotidianas, a inteligência e a destreza com que as palavras soam aos ouvidos de quem presta atenção, elevam o nível de um dos filmes mais belos de todos os tempos.

Binoche se envolve e apresenta uma Elle vívida, crua, nua e transparente, suas falas, seu modo de interpretar uma cidadã francesa que mora na Itália e que é amante das obras de arte, uma cidadã simples, porém com um amplo conhecimento. Suas expressões, seus gestos, todas suas farsas, seus truques, tudo isso nos transporta ao pequeno vilarejo onde toda a história se passa.

Abbas Kiarostami, leva ao telespectador a dúvida, porém não apresenta a resposta, em conseqüência deixa que o próprio telespectador descubra a última peça do quebra-cabeça que é o filme.

Kiarostami eleva, assim, o poder do cinema iraniano, desenvolvendo um filme simples, porém com grande conteúdo e deixa a seguinte pergunta ao telespectador: “O que você prefere o original ou a cópia?”. Ele não sente a necessidade de transpor na tela sua opinião, apenas alimentar um debate que, por muito tempo, foi errôneo e esquecido.

Nota: 10

6 comentários:

  1. Só o fato de o filme deixar uma abertura para que se crie uma opinião própria e para que nasça o debate sobre certo tema, já me desperta o interesse, já que filmes assim costumam ser, de certa forma, leves e impactantes ao mesmo tempo.
    Nunca havia ouvido falar sobre esse filme, então, gostei muito do post. ;-)
    Estou te seguindo!
    Abraço!

    @stehpradella

    (Se quiser visitar meu blog, o link é esse: http://o-diario-literario.blogspot.com/)

    ResponderExcluir
  2. Até agora só ouvi opiniões positivas sobre o filme, e o seu texto foi o que mais adentrou na trama, estou muito curioso para ver!

    ResponderExcluir
  3. Vi o trailer desse filme mas não sabia do que se tratava =P
    Achei a história interessante mas percebi que teria que assistir em um dos meus dias 'inspirados' pq parece ser um pouco parado (será que é só impressão?)

    A resenha ficou muito boa, contou sua impressão do livro porém sem dar spoillers. Eu ainda estou tentando trabalhar isso nos meus textos xD

    TEH MAIS

    ResponderExcluir
  4. Math Parabés pelo texto. Esse e o tipo de filme que so pela atriz, titulo e sinopse a gente ja fica querendo ver e depois de uma crítica positiva como essa, nem se fala!
    Ja vou ver...

    ResponderExcluir
  5. Pessoas, pessoas, pessoas,

    muito obrigado pelos comentários...realmente assistam, o filme é demais!!!

    ResponderExcluir
  6. Faço das palavras da Marcélia as minhas. Seu texto aguçou minha curiosidade quero ver, e vou. Parabéns pelo post. Bjs

    ResponderExcluir